The Strokes [Biografia]

Formado por jovens com menos de 20 anos, o Strokes apareceu na cena nova-iorquina em 1999 quando eles começaram tocando em festas de Nova York, e não demoraram a começar a fazer sucesso pela cidade Após gravar uma fita com três músicas, que em setembro de 2000 ganhou o nome The Modern Age, o lendário produtor Geoff Travis recebeu uma dica e logo concordou em lançar a demo no formato EP, em sua prestigiada gravadora independente, a Rough Trade Records. O disquinho chegou às lojas em janeiro de 2001. Em fevereiro os Strokes chegaram à Inglaterra, lotando todos os shows de sua primeira turnê pelo país e ganhando elogios da exigente imprensa musical britânica. “Sejamos francos: os Strokes são os filhos da mãe mais quentes do momento. Eles viajam no romance e na paixão do punk rock nova-iorquino, mostrando a poesia urbana com fúria em canções pop que misturam amor, ódio e luxúria, além da agonia cortante da incompreensão “(New Musical Express, 17 de fevereiro de 2001).

Turbinados por vocais rasgados, linhas espertas de guitarra e frases que grudam na memória, os Strokes conseguem novidades a partir de um som inspirado no passado. Através de seus shows eles angariaram um poderoso boca-a-boca pelos Estados Unidos ao excursionar como atração de abertura de bandas como o Guided By Voices e os Doves. A adormecida cena roqueira de Nova York despertou e agradeceu. E a BMG venceu a disputa e contratou os meninos.

Oriundos de famílias classe-média-alta, estes cinco meninos de Nova York já estavam inseridos no mundo da música e da mídia antes mesmo de começarem a tocar. Um bom exemplo é o de seu guitarrista, Albert Hammond Jr., filho do famoso e bem sucedido compositor Albert Hammond.

Com gritantes influências de Lou Reed e dos Stooges, os Strokes fazem um som mais light, porém poderoso. Eles não admitem suas influências, mas parecem gostar da inevitável comparação com o Velvet Underground. Numa entrevista para o portal Terra, Fabrizio Moretti, o baterista que é brasileiro (ele nasceu no Rio e foi para Nova York ao 4 anos) disse: “tem aquela coisa de vender a música (…) então alguns críticos inicialmente nos rotularam assim, e foi ficando. Mas as comparações com o Velvet Underground e outras bandas eu acho legais, pois são todas coincidentemente minhas favoritas”.

Ao mesmo tempo, a imprensa norte-americana estava descobrindo a banda graças a uma série de shows no Mercury Lounge de Nova York, em dezembro de 2000. O quinteto recebeu elogios rasgados do New York Times, do Village Voice, do Paper e apareceu duas vezes na Rolling Stone. Nas páginas da mais importante revista de música dos Estados Unidos, David Fricke escreveu: “Os Strokes são a primeira grande emoção no rock de Manhattan este ano. Já os vi ao vivo e eles têm um disco inteiro de ótimo material em si” (27 de fevereiro de 2001).

As canções do Strokes trazem consigo toda uma rebeldia que surge da união da força jovem + a vontade de colocar as angústias pra fora, um desabafo. O líder da banda é o cantor e principal compositor e guitarrista Julian Casablancas que juntamente com os outros integrantes da banda misturam uma autoconfiança inesgotável, associada a uma insegurança difícil de se esconder, típica da fase inicial do grupo. Em Hard to Explain, a banda combina seu garage rock com melodias grudentas, em uma canção que pode ser considerada uma das melhores músicas do disco. Is this it? mostra toda a alegria que os Strokes têm como jovens, cheios de autoconfiança ao som de uma linha de baixo saltitante; Soma, Someday, e Take it or Leave It são os Strokes em seus momentos mais exuberantes. A banda é capaz de fazer a velha combinação guitarra-baixo-bateria parecer uma novidade para o ouvido dos roqueiros mais aficcionados.

Uma curiosidade sobre o disco Is this it? é que a capa original do disco foi censurada nos Estados Unidos, mas que no Brasil continuou sendo a mesma. E a canção New York City Cops que acabou retirada do CD, na última hora, por conta dos ataques terroristas a NY, pois naquela época a mídia americana queria evitar ao máximo uma exposição dos “heróis” do 11 de setembro. Porém para a felicidade dos ouvintes não americanos a música foi incluída no CD distribuído para os outros países inclusive a versão brasileira.

Assim os ingressos da turnê começaram a se esgotar rapidamente, e os shows do Strokes se tornaram bem mais badalados que os da atração principal. A NME deu chamada de capa para uma curtíssima resenha de um show do Strokes no Texas e nem falaram do Doves, prata da casa.

Depois de uma curta turnê nos Estados Unidos o Strokes já estava excursionando pela Europa, participando dos principais festivais europeus como no estival 02 Wireless no Hyde Park londrino, sendo que as apresentações da banda sempre eram acompanhada de casas lotadas e público indo ao delírio e muita, mas muita gente querendo ouvir que som era esse que vinha da “big apple” americana.

A mais esperada segunda edição desde o Novo Testamento” foi assim que a revista Spin anunciou a chegada do álbum, Room on Fire, o sucessor do bombástico “Is This It”, chegou às lojas brasileiras no dia 28 de outubro de 2003. O segundo CD dos Strokes prova que a simplicidade pode ser genial. Bom exemplo da qualidade musical deste trabalho é a faixa “12:51”, considerada por alguns críticos como genial. Eles sabem o que estão fazendo. Julian Casablancas, que virou noite na época da finalização do CD em busca do melhor disse: “Eu não quero que meu disco soe como a demo. Quer dizer, eu gosto da vibração da fita demo, mas ela é outra coisa”. Longe de soar como uma superprodução, Room on Fire é um álbum muito bem gravado, com uma enorme variação de timbres e canções com a assinatura dos Strokes. São 11 faixas que tem um total de 33 minutos de duração. Para se ter uma idéia de como o disco e a volta da banda era aguardada, em menos de uma hora foram vendidos todos os ingressos dos dois shows que os Strokes fariam no Alexandra Palace, em Londres, na Inglaterra, nos dias 5 e 6 de dezembro. “Para nós é importante não estragar o que gerações anteriores nos deram”, diz Casablancas. “Não acho que a gente toque tão bem. Somos pessoas normais, não somos superartistas. Mas levamos o que fazemos a sério”, completa.

First Impressions of Earth, recém-lançado, chega causando estardalhaço na mídia. “Juicebox”, o primeiro single, nos deu uma boa amostra daquilo que poderíamos esperar do novo disco, gerando grandes expectativas. A música é potente, divertida, diferente da maioria das composições dos caras. Mas o resto do disco não é, digamos, fiel ao primeiro single.

O álbum começa com a deliciosa You Only Live Once e nos primeiros segundos você pode jurar que Fred Mercury vai entrar cantando “I want to break free…” tamanha a semelhança do riff inicial com a canção do Queen. Mas é só no começo, depois a segunda guitarra desfaz esta saudosa lembrança e nos lembra onde estamos. Trata-se de uma clássica composição do Strokes. Heart in a Cage, o segundo single, vêm com força mostrando aquilo que os Strokes sabem fazer de melhor uma música mais rápida e compacta. Já Razorblade tem mais presença e esta bem trabalhada saindo assim uma boa balada com grande refrão, de repente vem a primeira bomba, a fraca “On the Other Side”, que começa a lhe deixar preocupado, afinal, a música traz de volta os piores momentos de Room on Fire, com aquele som meia boca mal trabalhado e sem nenhum compromisso com a levada das músicas anteriores. Além de ser chata, a música ainda dura mais de quatro minutos e meio, tempo recorde para a banda. Vision of Division nos acalma, apesar de não trazer nada de novo, mas traz ânimo e pegada mais fortes. Depois daí, nada de novo, mas bons momentos aparecem com Fear of Sleep e Evening Sun.

Os Strokes largaram a música de lado? Não claro que não! Parecem sempre estar dando passos em direção ao que eles querem, mas é inquestionável que o nível do primeiro disco não foi mantido. Talvez seja hora de esquecermos um pouco o impacto causado pelo álbum de estréia Is This It e começarmos a vê-los como uma boa banda em atividade que nos entrega bons discos. First Impressions of Earth é isso, um bom disco e nada mais. Porém os Strokes continuam sendo uma das melhores bandas de sua geração, e que tem o direito de lançar álbuns não tão bons assim como qualquer banda, mas acima de tudo os Strokes possuem uma capacidade criativa e musical incrível fora de série o que faz com que eles sejam apontados sempre como o futuro do rock.


Integrantes

Julian Casablancas - Vocalista
Nick Valensi - Guitarra
Fabrizio Moretti - Bateria
Albert Hammond Jr. - Guitarra
Nikolai Fraiture - Baixo